Wednesday, October 9, 2019

O defunto radioso

A AD original durou um ano e dois dias:  entre as intercalares de 79 e a morte de Sá Carneiro. O resto do tempo foi a desgraça que se sabe, com Freitas a considerar um desaire eleitoral a vitória  nas autárquicas  ( uns míseros 43%....) e Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco a desenharem,  com minúcia, um campo de minas.
A segunda AD, o PaF, esbarrou na aritmética parlamentar, mas já antes  o pós-troika paralisara o PSD. Não foram as sondagens, o A. Costa ou o calor. Foi  a confusão entre o que o partido pensou acerca do programa que teve de aplicar  e o que executou
Agora temos  a grande báscula rosa estribada em imperativos categóricos: garantir pensões e salários, negar cortes. Nem precisa de pronunciar o nome do mafarrico.

Sem ter medo de falar, o centro-direita não vai sequer mudar a fronha da almofada. Era  este Sá Carneiro que agora  querem pintar como socialista:

 "Não há futuro económico e social possível quando problema principal ( ...) é o excesso de consumo público e a monstruosidade das despesas publicas (...). Nós vivemos num país de inutilidade pública que custa caríssimo e que afinal agora querem que continue  a proliferar , obrigando os particulares a suportar o peso da crise económica".


Ora, parece que o PSD (e o CDS) corre o risco  de  ter dado o que tinha a dar. Está na média, de resto. Falar passará por muitas coisas, uma delas dizer alto e bom som que o remedeio e a  pobreza são  alimentos partidários:

 Inês de Medeiros não gostou. E carregou nas tintas. “Se há uma constante dos municípios liderados pelo PCP é a habitação precária e as barracas”, disse, acusando os comunistas de se “alimentarem da miséria das pessoas” e de “gostarem muito de julgar os outros, mas não gostam de ser julgados”.

 Também passará por mostrar que o aparelho burocrático mantém as pessoas na dependência  ( directa e indirecta) do Estado, num limbo de remedeio ou de sobrevivência. As autarquias, a maioria, são um belíssimo exemplo da troca gasosa entre a sindicância partidária e a espórtula empresarial.

Se o PSD continuar como está, será um defunto radioso. Um conjunto de pessoas num conjunto de situações. Como dizia Tayllerand, os homens medíocres desempenham um papel nos grandes acontecimentos  pela simples razão de que estavam lá.














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